Eu comprei uma casa. A primeira casa da minha vida. Não é um apartamento – parte da casa. Com jardim. Aqui, é chamado de apartamento. Quando notário leu todos os documentos, ele me deu uma mão e eu ouvi: “Agora, você é residente de…” (aqui estava o nome da ilha onde eu mudei). Mais uma vez, nos meus ouvidos ouvi pelas palavras de um ex-vizinho polaco: “Se não gosta – é viver na floresta ou na ilha”. (ILHA)
Havia perguntas: “isso é verdade?”, “estão a vender tudo?”, “não vão ter saudades?” e acima de tudo: “o que vão fazer lá?” e “de que vão viver?” Talvez se eu fosse inglesa ou alema, haveria outras perguntas.
Poucas pessoas tentaram se lembrar do nome da ilha. Poucas declararam visitas. No inicio só contamos aos mais próximos sobre nossa decisão, porque mesmo isso causou muita confusão. Nós não queríamos fazer confusoes nas… energias . Parecia que amigos estavam olhando para essa informação como em um espelho.
Tivemos a impressão de que a ilha nos atraiu, porque fechamos nossas vidas na Polônia em dois meses. Tudo parecia um slide em uma onda. Encontramos pessoas que compraram ou receberam mais nossas coisas, acumuladas por nós ao longo dos anos. Embalamos mais caixas e o mensageiro depois de alguns dias já sabia nossos nomes de cor. A senhora dos correios com uma lágrima no olho registrou a autoridade para receber correspondência: “Tenho inveja de vocês, mas tão positivamente!” No último minuto, uma vizinha nos abençoou e nos abraçou com toda sua força, enquanto se vingou dos políticos: “O quê? – deixe as pessoas ouvirem! Eu não vou ficar quieto! Eu tenho meus anos, eu tenho o direito de dizer o que eu penso!”.
Depois amigos nos levaram para a capital. Eles se importavam, em boa palavra, com a promessa de uma reunião na ilha. E nós voamos. Cinzenta Varsóvia desapareceu rapidamente nas nuvens e acima estava apenas o sol. E assim foi mesmo no barco. Aviomarin, os braços quentes do marido, palmeiras dançando ao vento e oceano… muito oceano.
E agora devagar… Lentamente. Na ilha tudo tem seu tempo. De manhã bica em pastelaria (um pequeno café na confeitaria), depois tomando uma formalidade com uma pausa para pastéis de nata (biscoito com pudim), necessariamente uma pausa para o almoço com alimentação de gatos de rua e tempo para uma siesta (porque é quente) e no final do dia algumas compras em Pingo Doce (no tipo de “Joaninhas”) e reuniões, reuniões, reuniões… com vinho, cerveja coral ou minha Poncha de maracuja favorita.
Ainda bem que não entendo muito. Eu disse aos nativos que só aprenderei palavras que carregam bondade e amor. Eu não preciso do resto. Eu mesmo compro um pão perfumado na padaria, e a primeira redação que uso em todos os lugares é “muito obrigado”.
ps. Eu não seria eu mesmo se, hoje em uma ocasião tão importante como comprar uma casa em terras novas, não verificasse como soa a melodia mais importante desta terra:
* Traduzido por: Katarzyna Silva